O advogado Marcelo Shad, que representava a família de Édson Davi, desaparecido na Praia da Barra há um mês e dois dias, afirmou, em publicação nas redes sociais, que não atua mais no caso. A decisão foi divulgada na segunda-feira e, de acordo com o criminalista, teve motivação pessoal e ética. A mãe do menino de 6 anos, Marize Araújo, confirmou a informação e agradeceu a Marcelo pelo amparo à família.
"Por motivos pessoais, se fez necessário que eu não seja mais o advogado da família do Davi. Tomei essa decisão por conta de vários acontecimentos e cheguei à conclusão de que seria melhor eu me afastar do caso. Penso que fiz o que deveria ser feito, com todas as estratégias. (...) Não vejo mais motivos para ser eu o advogado a continuar no caso, mas obviamente se houver mais alguma situação que eu possa contribuir, ou informação, apoiarei no caso. Nem toda convicção pode ser imposta, temos algumas formalidades e o papel do advogado não é impor nada", afirmou Shad.
No pronunciamento, Marcelo Shad também comentou as investigações, explicando que a polícia agora busca entender de que maneira o menino pode ter saído da praia, a partir do horário do último vídeo em que é visto.
CASO ÉDSON DAVI:
- Em 4 de janeiro, Édson Davi, de 6 anos, estava brincando próximo à praia do Posto 4, na Barra da Tijuca, quando sumiu.
- Naquele dia, salva-vidas sinalizaram com bandeiras vermelhas as condições do mar no local, que estava perigoso para banho devido à correnteza.
- A agitação da água também pode explicar porque o corpo de Édson ainda não foi encontrado.
- Os pais de Édson Davi descartam a possibilidade de afogamento, afirmando que o menino não entraria no mar sozinho.
"A partir deste horário, a polícia monta uma estratégia no sentido de encontrá-lo saindo, seja dentro de algum objeto, enrolado num pano. Estão buscando imagens no entorno, incluindo o mar, para saber para onde ele pode ter ido, porque não encontram nenhuma imagem dele saindo daquele local", explicou.
Nos comentários da publicação, os seguidores destacaram que a decisão do advogado em sair do caso pode ter ocorrido após uma live que Marize fez com outro advogado no último sábado (3). Na noite de segunda-feira, o criminalista voltou a manifestar-se nas redes sociais em um vídeo sobre ética profissional. Nele, Marcelo destaca os princípios éticos da advocacia e, nos comentários, apesar dele não citar nenhum caso específico, os seguidores relembram a saída do caso Édson Davi.
Veja o que se sabe até o momento sobre o caso
- Édson Davi, de 6 anos, está desaparecido desde a tarde de 4 de janeiro.
- O menino estava na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, acompanhando o pai, que tem uma barraca na areia, num dia de trabalho.
- O caso foi registrado pelos pais do meninos, Marize Araújo e Édson dos Santos Almeida, no fim da tarde do mesmo dia na 16ª DP (Barra da Tijuca), mas a investigação foi transferida para a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).
- As primeiras imagens obtidas na praia, no dia do desaparecimento, mostram o menino após ele ir a um quiosque onde, segundo um funcionário, teria pedido a ele uma prancha de bodyboard emprestada. O barraqueiro negou porque o mar estava agitado. Édson Davi aparece voltando para a areia.
- Por volta das 15h, o menino aparece, numa foto feita por um banhista, jogando bolas com outras duas crianças, que estariam acompanhadas por um estrangeiro.
- Logo após o desaparecimento, os pais do menino suspeitaram de um estrangeiro que vinha frequentando a praia. A polícia descartou o envolvimento do homem porque imagens mostram que o homem saiu da praia naquele dia sem Édson Davi.
- Em depoimento, um funcionário da barraca dos pais de Édson Davi contou que observou o menino indo molhar os pés no mar, após se sujar na areia da praia, por volta das 15h30. Ele disse que chamou a atenção do menino devido ao perigo da correnteza. No dia, a praia tinha bandeiras vermelhas sinalizando o mar agitado.
- Imagens obtidas pela DDPA mostram o menino na beira do mar antes de desaparecer. A gravação foi feita por uma testemunha, às 15h37, que estava na Praia da Barra. A pessoa fazia um vídeo para mostrar a paisagem do local.
- Imagens de uma câmera de segurança, que indicam o horário de 15h57, mostram Édson Davi andando no calçadão da praia e, em seguida, caminhando para a areia. Ele estava sozinho naquele momento.
- Parentes descartam afogamento porque o menino tinha medo de entrar na água. A DDPA tem como principal hipótese de afogamento.
- O Corpo de Bombeiros segue com equipes na Praia da Barra fazendo as buscas no mar desde a notificação do desaparecimento.
- Os bombeiros passaram a usar também a chamada câmera termográfica, um equipamento capaz de mostrar diferentes temperaturas em um ambiente, região ou mesmo em pessoas.
- Em novas imagens obtidas pela polícia, Édson Davi aparece perto da barraca do pai, com o cabelo seco, em um horário mais adiantado. Segundo a família da criança, ele aparece na gravação por volta de 16h47.
- De acordo com as investigações, o desaparecimento ocorreu entre 16h30 e 17h do dia 4 de janeiro.
- No dia 6 de janeiro, dois dias depois do desaparecimento, a mãe do menino recebeu uma mensagem dizendo que o filho estava em uma lanchonete na Barra da Tijuca. Ao ver o vídeo, os parentes descartaram a possibilidade de que a criança fosse Édson Davi. Equipes da polícia foram ao local, mas não encontraram a criança.
- Na semana passada, novas imagens obtidas pela DDPA mostram Édson Davi perto da barraca do pai, com o cabelo seco, em um horário mais adiantado que os registros anteriores divulgados. Segundo a família da criança, ele aparece na gravação por volta de 16h47 do dia 4 de janeiro. A filmagem trouxe esperança à mãe, Marize Araújo, que contesta a linha de investigação da polícia, de que Édson Davi tenha se afogado no mar.
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