Quem é Giovanni Angelo Becciu? O cardeal banido por Francisco antes da morte que insiste em ir ao conclave para escolher o próximo papa
Por Pedro Henrique Cabo
Em meio ao luto mundial pela morte do Papa Francisco, falecido na segunda-feira (21), um nome controverso ressurge no epicentro das decisões da Igreja Católica: Giovanni Angelo Becciu. Aos 76 anos, o cardeal italiano está no centro de uma tempestade política e eclesiástica. Mesmo banido por Francisco em 2020 de participar de conclaves, Becciu não apenas compareceu às Congregações Gerais — reuniões que antecedem a escolha do novo pontífice — como declarou abertamente sua intenção de votar na eleição do próximo papa.
Segundo o Jornal O Globo, a movimentação de Becciu, condenado em 2023 por desvios milionários nas finanças do Vaticano, representa um impasse inédito na história recente da Igreja. Embora tenha sido afastado dos cargos na Cúria Romana e declarado inelegível para funções públicas, ele manteve o título de cardeal — o que hoje lhe serve de escudo em sua tentativa de reingresso no processo decisório mais importante do catolicismo.
“O Papa nunca me pediu uma renúncia formal. No último consistório, reconheceu minhas prerrogativas como cardeal. Portanto, minha exclusão não é válida”, declarou Becciu ao jornal Unione Sarda, da Sardenha.
A reação do Colégio Cardinalício à presença do “cardeal rebelde” será decisiva para o equilíbrio das forças internas. Isso porque Becciu representa uma ala crítica ao legado de Francisco, e sua entrada pode mobilizar apoios e desestabilizar as articulações mais moderadas — especialmente num conclave que já se desenha dividido entre herdeiros das reformas bergoglianas e defensores de uma linha mais conservadora.
Quem é Becciu? De homem forte do Vaticano a réu condenado
Natural da ilha da Sardenha, Becciu foi ordenado padre em 1972 e teve longa carreira diplomática sob os papados de João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Atuou em países como Angola, Cuba, Reino Unido e França. Foi nomeado cardeal por Francisco em 2018 e logo após assumiu a Congregação para as Causas dos Santos — um dos cargos mais prestigiados da Santa Sé.
A queda veio rápido e foi estrondosa. Em 2020, Becciu foi acusado de envolvimento direto na compra de um imóvel de luxo em Londres, numa transação que causou um prejuízo estimado em 200 milhões de euros aos cofres da Santa Sé. Também foi citado em operações financeiras suspeitas, como repasses à cooperativa dirigida por seu irmão e à consultora italiana Cecilia Marogna, autointitulada especialista em inteligência.
O julgamento durou dois anos, com 86 audiências, e terminou com uma sentença de cinco anos e meio de prisão. Ele recorre da decisão e continua alegando inocência.
Um conclave em tensão e a sombra de Becciu
Caso Becciu consiga forçar sua entrada, o número de cardeais eleitores sobe de 135 para 136. Sua participação poderá influenciar alianças e votos — especialmente entre cardeais que não conheciam Francisco pessoalmente e estão menos alinhados às reformas iniciadas pelo argentino.
A decisão final sobre sua presença caberá ao decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re. Internamente, há quem defenda barrar Becciu para preservar a integridade moral do processo. Outros, mais pragmáticos, temem que um veto possa gerar ainda mais controvérsia e criar um precedente incômodo.
O nome de Pietro Parolin, atual Secretário de Estado do Vaticano, surge como um dos favoritos à sucessão — figura diplomática e hábil, Parolin é visto como alguém capaz de equilibrar tradição e reforma. Mas com Becciu na sala, nenhuma aliança estará segura.
Francisco e Becciu: relação de altos cargos e profundas decepções
O caso Becciu expõe, talvez como nenhum outro, os limites e fragilidades do papado de Francisco. Mesmo após a ruptura institucional, o pontífice manteve algum grau de relação com o cardeal — chegou a celebrar uma missa privada em sua casa em 2021. A ambiguidade desse gesto é hoje explorada por Becciu para argumentar que jamais foi formalmente excluído do colégio eleitoral.
A cena, simbólica e política, está montada: um conclave em ebulição, uma Igreja dividida e um cardeal condenado tentando recuperar sua influência no momento mais sagrado da sucessão papal. Resta saber quem terá a coragem — e a autoridade — para barrar seu voto.
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